Apresentados
Padaria Brasil
Trata-se da construção de um ambiente híbrido entre comércio popular e escola, no qual a fachada conta com aspectos arquitetônicos comuns aos estabelecimentos das cidades interioranas brasileiras, enquanto em seu ambiente interno apresenta predominantemente elementos que configuram uma sala de aula, a exemplo de cadeiras escolares e cartazes, onde também era exibido um vídeo.
O trabalho tem como eixo central o cruzamento de dois problemas nacionais aparentemente esquecidos nesse início de século: o analfabetismo e a fome.
A figura da bandeira nacional brasileira é o elemento motriz para a introdução da narrativa que se apresenta na padaria/escola.
O
Brasil é um dos pouquíssimos países do mundo que conta com a presença
de alguma palavra em sua bandeira. No entanto, quando a bandeira é
instituída como símbolo nacional, mais de 60% da população brasileira
era analfabeta de língua portuguesa, ou seja, menos da metade dos
brasileiros tinha autonomia de leitura ao lema do maior símbolo da
nação; condição que perdurou até metade do século passado. Vale lembrar
que analfabetismo e fome são problemas historicamente associados durante
o século XX, em sua maioria atingido as mesmas faixas populacionais.
Como mobiliário, a primeira montagem contou com um balcão expositor típico das pequenas panificações. Em cada biscoito, bolachão e broa, uma letra foi gravada e pelo expositor se via palavras compostas pela soma dos alimentos. Na parte superior do balcão, um suporte de bobina disponibilizava uma publicação impressa em metro contínuo similar a um papel de embrulho, sujeito à retirada do público.